É difícil expressar um sentimento quando concluímos uma missão que nos propomos e vemos o resultado. Esse é exatamente meu estado de espírito neste final de semana. Sentido de realização em ver um trabalho que eu me propus a fazer, pronto. De ver familiares e tantos amigos queridos testemunhando — presencialmente, na Câmara Municipal ou assistindo ao vivo pelo canal da Rede Hoje no Youtube — o lançamento do livro “CAP: A História de Uma Paixão Grená”, que ocorreu nesta sexta-feira, 5 de agosto de 2022.

Ver quantas pessoas envolvidas no evento: mais uma vez familiares que tiveram de se deslocar de Uberlândia, outros estados, outros de Patrocínio e com participação fundamental. Até meu neto Enzo, de Brasília que ajudou a organizar a noite de autógrafos. A vereadora Eliane Nunes que se empenhou para o patrocínio cultural da obra — que foi prontamente atendida pelo prefeito Deiró Marra; a Cidinha, coordenadora de Cultura do Município; a Biblioteca Municipal (através da coordenadora Edilamar Arvelos), o Grupo Borboletas no Aquário, Academia Patrocinense de Letras e a Sociedade Amigos da Biblioteca; todos os colegas da imprensa; o mestre de cerimônia, Luiz Cabral; os que falaram durante a cerimônia: José Carlos Dias (amigo e ex-sócio), Adélio Furtado (representando os times dos anos 1985 a 2000), Mário César (representando o grupo que levou o time da Terceira Divisão até a elite de Minas em apenas três temporadas do futebol de Minas); André Luiz (meu filho) Roberto Avatar (o Tatá – atual presidente do CAP) e a própria Eliane. Sem esquecer o empenho da editora paulista Clube de Autores.

O escritor não consegue sozinho, a não ser no momento em que é um solitário nas pesquisas e na escrita. Depois disso, precisa de muita gente — inclusive dos leitores críticos que vêem, fazem as correções e sugerem as mudanças antes de do livro impresso.

E este livro, particularmente, tem uma história que daria um outro livro (como diz meu amigo e leitor crítico Fabiano Salim). Ocorre que o lançamento estava previsto para 15 de julho. Teve que ser cancelado. O caminhão dos Correios que trazia os livros, se envolveu num engavetamento na Rodovia Fernão Dias, já próximo a Belo Horizonte, e pegou fogo. Toda a carga foi incinerada e o motorista, infelizmente, morreu carbonizado.

A editora Clube de Autores imprimiu outra vez em tempo recorde e nós marcamos o lançamento para a sexta-feira, dia 5. Só que aí já não podíamos contar com uma parte da família, que não poderia vir de novo. Minha filha Patrícia, meu genro Juliano e os netos Vinícius e Duda, não poderiam fazer outra viagem devido a compromissos de trabalho e estudos. Mas, em tempos tecnológicos, puderam assistir ao vivo pela Rede Hoje.

O que vale é que o livro “CAP: A História de Uma Paixão Grená” está pronto e já está disponível na Biblioteca Pública de Patrocínio, banca de jornal da cidade, em pontos comerciais e nas plataformas digitais. A história está registrada.

E assim, depois do primeiro livro que foiO Som de Memória”, lançado em 2012, vieram o conto “Tudo Por Um Sonho”, a novela policial “Operação Borboleta” e o livro reportagem “CAP: A História de Uma Paixão Grená” e podem ser encontrados na Amazon e Clube de Autores, além de estarem disponíveis na Biblioteca de Patrocínio.

Nem bem terminamos de escrever uma história lá vem outra. O Som da Memória II está em fase final e deve sair ainda este ano, registrando a história do cotidiano de nossa gente e de quatro gerações.

Missão cumprida. Pelo menos por enquanto!


Veja o lançamento cliclando aqui.

Sustentável. É assim que o desenvolvimento tem que sê-lo. Seja em um país, ou estado ou qualquer município. Nas três últimas edições, o de Patrocínio foi analisado. Tudo em acordo com o Índice de Desenvolvimento Sustentável das Cidades (IDSC), metodologia ONU, sob a responsabilidade do Instituto Cidades Sustentáveis. O objetivo é demonstrar que o resultado de Patrocínio exige alguns ajustes, porém sem preocupação excessiva, pois há cidades próximas do mesmo porte em situação pior. Assim, a proposta é comparar Patrocínio com uma cidade vizinha em melhores condições e com três na sua rabeira. Patos de Minas, Monte Carmelo, Araguari e Araxá são as escolhidas como parâmetro (padrão) da análise. 

SÍNTESE DE PATROCÍNIO – O IDSC mostra o Município em 12º lugar na região formada pelo Triângulo e Alto Paranaíba. Em Minas, está atrás de 83 cidades e no Brasil no distante 705º lugar no ranking nacional. Isso é o que mostram os 17 ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) e seus mais de 130 indicadores socioeconômicos. Três ODS muito bons, seis mais ou menos e oito ruins. Dentro de cada ODS, tem pontuação de 0 (zero) a 100 (não é percentual). Patrocínio registra 54,8 pontos. Os dados são de fontes oficiais.

CAPITAL DO MILHO NA 2ª DIVISÃO – A grande Patos de Minas alcança 50,1 pontos no IDSC. Isso lhe posiciona apenas no 1664º lugar no Brasil. Na região tem mais 30 cidades à sua frente e em Minas situa-se por volta da classificação 200º lugar. Mas, o que leva Patos a ter um desenvolvimento sem sê-lo sustentável. O IDSC apresenta para Patos dois ODS muito bons, cinco mais ou menos (Patrocínio teve 6) e dez ruins (Patrocínio teve 8). Uma das diferenças é o esgoto tratado. O de Patrocínio é 100. O patense é 10 pontos. O ODS “Erradicação da Pobreza” (Bolsa Família, linha da pobreza, etc.) de Patrocínio tem maior pontuação positiva, por exemplo. Por isso, Patos de Minas tem maior número de grandes desafios a serem enfrentados do que Patrocínio, em busca do desenvolvimento sustentável.

CAPITAL DA TELHA NA 3ª DIVISÃO – A fraternal Monte Carmelo, dentre os 17 ODS do IDSC, tem apenas um muito bom, mas há sete mais ou menos e oito ruins. A pontuação carmelitana é 48,8 (dentre 100). Enquanto na questão do ODS “Energia” empata com Patrocínio (ambos são bons), leva goleada nos dois ODS sobre a água limpa, saneamento e esgoto tratado. E perde também para Patrocínio no ODS a respeito de indústria, inovação e infraestrutura. Dessa maneira, Monte Carmelo atinge apenas 2050º lugar no ranking nacional. Em Minas, tem cerca de 300 cidades à sua frente e no Triângulo/Alto Paranaíba quase 40 cidades.

ARAGUARI MELHOR, MAS... – A bela cidade tem o IDSC em situação mais confortável do que Patos de Minas e Monte Carmelo. Todavia, também se encontra atrás de Patrocínio. Alcança 51,8 pontos, situando em 1246º lugar no Brasil. No Triângulo, existem cerca de 20 cidades mais sustentáveis, e, no Estado aproximadamente 140 cidades. Por isso, tem dois ODS muito bons (idênticos aos de Patrocínio, que tem um a mais), sete mais ou menos e oito ruins. É outra grande cidade que é superada por Patrocínio no quesito “Esgoto Tratado”.

TERRA DA BEJA DEIXA PTC NA POEIRA... – Araxá simplesmente é o 2º lugar do Triângulo/Alto Paranaíba (Patrocínio é o 12º) e o 117º lugar do Brasil (Patrocínio é o 705º). O município araxaense totaliza 59,9 pontos dos 100 possíveis. Para não dizer também que em Minas é a 13ª melhor cidade com desenvolvimento sustentável. Quanto aos ODS melhores empata com Patrocínio, com três (os mesmo de PTC). No que se refere aos ODS regulares (“mais ou menos”), Araxá tem sete (PTC tem seis) e sete ruins (Patrocínio tem oito). A maior diferença entre Araxá e Patrocínio está no ODS “Consumo e Produção Responsáveis”. Por exemplo, segundo o SNIS, Araxá ganha 87 de pontos no indicador “População Atendida com Coleta Seletiva”. Patrocínio obtém 30,9 pontos. O mínimo é 70 pontos. O PIB per capita de Araxá é maior. Ou seja, cada araxaense produz, em média, R$ 58.775,00 por ano. O patrocinense, em média, é responsável por R$ 31.937,00. Em outras palavras, cada araxaense produz, em média, quase o dobro do que cada patrocinense produz. Ou seja, números, R$ 27 mil a mais por ano, em média, por habitante.

E A AMIGA VIZINHANÇA, COMO ESTÁ? – Guimarânia se encontra na 3ª Divisão (3273º lugar no Brasil). Serra do Salitre, um pouco pior (3.337º lugar), Cruzeiro da Fortaleza surpreendentemente à beira da 2ª Divisão (2363º). Coromandel, capital do Diamante, atrás de Cruzeiro (2711º lugar). Ibiá um pouco mais à frente (1748º lugar). E Iraí de Minas (1884º).

PORÉM... E OS VIZINHOS COM BOA NOTA? – Além do município campeão Uberlândia (103º lugar no Brasil) e do vice Araxá (117º), há a surpresa chamada de Pedrinópolis (360º lugar no Brasil). Também podem ser mencionados Nova Ponte (516º lugar), Uberaba (543º lugar), Lagoa Formosa (635º) e Paracatu (695º lugar). Todos à frente de Patrocínio (705º lugar), de Patos de Minas (1664º lugar) e de Carmo do Paranaíba (2770º).

CONCLUSÃO – Como se observa o IDSC e sua engrenagem estatística, o desempenho patrocinense necessita melhorar para se chegar em um salutar desenvolvimento sustentável. Porém, não é caso de desespero. Pois, dentre as grandes cidades do Triângulo/Alto Paranaíba/ Noroeste, apenas Uberlândia e Araxá estão à frente. Enfim, que precisa de atenção das lideranças, precisa mesmo... E muito! A meta é desenvolvimento em todos os aspectos. Isso é bem possível.

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Igreja Matriz Nossa Senhora do Patrocínio em estilo colonial no ano de 1918
. Autor da foto: desconhecido

Longe de nós a pretensão de orientar a conduta de alguém , mas alguns janeiros de janelas nos permite um olhar comunitário. São pequenos e bons insights em favor de uma cidade melhor para todos nós. UNIÃO DE FORÇA, É O ETERNO MOTE. Não acredito em nada diferente. Agentes políticos e população de modo geral, todos, que pisam este mesmo solo, respiram, este mesmo ar, devem estar na mesma cadência de respeito e trabalho.A lista é deste mero colunista (que não arredou os pes deste solo, ao longo dos 60 ano). 

ANTANHOS TEMPOS. Há 203 anos e lá vai pedrada, passou pelo nosso arraial, um certo botânico francês por nome Auguste de Saint‐Hilaire. Ele não botou muita fé no que viu. Pudera o coitado teve de dormir ao relento, pois a casa onde dormiria estava infestada de bicho-de-pé.

QUE PERRENGUE! “Em 1819 havia ali cerca de quarenta casas muito pequenas, feitas de barro e madeira, cobertas de telhas e sem rebocar. Essas casas, dispostas em duas fileiras, formam uma praça comprida, no centro da qual foi erguida uma pequena capela, igualmente feita de barro e madeira como o resto. Como sempre, as casas do arraial pertencem a fazendeiros que só aparecem ali aos domingos. Os únicos habitantes permanentes de Patrocínio são alguns artesãos, dois ou três modestos comerciantes, os vagabundos e as prostitutas”.

VOILÁ MECIÊ! Como gostaria que monsieur Saint‐Hilaire, visitasse Patrocínio hoje. (Cem anos depois de sua vinda, Patrocínio já estava, como na primeira foto; cem anos depois, Patrocínio está como na segunda foto) O Censo Demográfico, por ora em andamento, deve confirmar 100 habitantes. Lendo o relatório cincerão do francês, aumenta o nosso orgulho de ser patrocinense. Um salto de crescimento, sobretudo nos último 50 anos. Não sei se na referida visita de meciê, saiu pelo menos um cafezinho. Mas que prazer seria anfitrioná-lo, hoje. Por exemplo, depois de leva-lo por praças, ruas e novos bairros da cidade, passaríamos uma tarde no Museu Profº Hugo Machado, por fim, levaria-o até a Cafeteria Dulcerrado. Ali, entre um cafezinho e outro, ele ia se arrepender por não ter ficado por aqui, ao lado da gente de bem daquele tempo. Eles se proliferaram pela força do trabalho árduo e honesto.

PATROCÍNIO - DOCE COLO DE MINAS. Aquele arraial paupérrimo, hoje chama-se PATROCÍNIO. Que etimologicamente, significa, amparo, auxílio, proteção, arrimo e abrigo. Mostraria com prazer ao monsieur Saint‐Hilaire, que nenhuma cidade recebeu em seu seio (filhos e filhas de outras terras) com tanto aconchego e carinho. Receber bem a todos está em nossa cultura Só pra ilustrar: Uberlândia, faz de forma popular uma distinção. Quem não é natural da cidade, é Uberlandino; em Patos, quem não nasceu lá na terra do milho, é patureba. Há carinho, mas há também separatismo neste tratamento. Em Patrocínio TODOS são patrocinenses.

FALOU POR NÓS. Com a autoridade de quem nasceu em Patrocínio e conheceu as melhores polis do Planeta, o bem sucedido empresário Pedro Constantino, disse, certa vez uma frase lapidar: “Pra mim é Paris a noite; Nova York, durante o dia e Patrocínio o tempo todo”.

ENTÃO, PATROCÍNIO é o Nirvana, o Éden, a Pasárgada, a Cidade do Sol, a Nova Atlântica, a Shangri-la, o Eldorado, o céu? Não. Não disse isto. Patrocínio é uma cidade em constante evolução. 

Quem leu, as três últimas colunas do Eustáquio Amaral, sabe do que estou falando. Discorrendo sobre o Índice do Desenvolvimento Sustentável das Cidades , nos trouxe um Raio X, mas uma incrível Ressonância Magnética da realidade de nosso município. Não leu, né? ainda fala que é político, que conhece e defende Patrocínio) Em suma. Patrocínio, não é o céu que a bíblia diz, ainda assim é a melhor cidade para se viver e Minas. Precisamos olhar para o passado e ver de onde saímos; olhar para o presente e notar onde chegamos e olhar para o futuro e saber somos AGENTE S DE UM NOVO AMANHÃ. ( Tem amanhã que nasce velho)

A propósito estamos ás portas de mais uma determinante eleição, Mais do que do água, ar, pão, chão e teto, precisamos de consciência política. O que fazer neste primeiro instante? Vamos lá:

RESGATAR no peito de nossa gente a auto estima e o orgulho de ser patrocinense.

ARREGIMENTAR quem ama esta cidade e botar todos para trabalhar em favor dela, acima deste proselitismo partidarista, burramente suicida..

( E QUE FEIO disputando exclusividade, nossas lideranças quase esquartejaram o candidato líder das pesquisa, que viria á cidade. Quando soube, bateu uma indisposição nele, também conhecida como descrença)

PLANAEJAMENTO estratégico sócio-politico-econômico e cultural a curto, médio e a longo prazo

NÃO se deixar manipular por ninguém nestas cruzadas eleitorais, o poder democrático não tem dono.

ABRAÇAR candidaturas tão somente capacitadas e compromissadas com a grandeza da Nação Patrocinense.

RESGATAR a política da boa vizinhança, não dando trela para bandidagem.

PLANTAR árvores, fazer de Patrocínio, uma cidade de gente que ama e cultiva o verde.

COMBATE enérgico, intenso e ostensivo ao tráfico de drogas no município.

DESCOBRIR, fomentar e formar novos líderes[ficha limpa] para a vida pública.

PROMOVER, apoiar e respeitar lideranças femininas qualificadas.

APOIO e efetivo as antigas empresas e incentivo á instalação de novas.

CONVOCAR ao trabalho produtivo, toda e qualquer mente vazia e vadia.

RESPEITO e saudável convívio ao multiculturalismo e toda sorte de diferença.

APOIO ás associações, sindicatos e conselhos e ONGs [com trabalho sério e transparente]

FORÇA TAREFA para erradicação total do analfabetismo e miséria no município.

APOIO IRRESTRITO aos projetos de incentivos á leitura.

CRIAR entidades que procurem ajudar órfãos e viúvas em nosso meio.

FORÇA TAREFA para erradicar TODA prática de assédio moral/sexual em nosso meio.

SOMENTE constituir governos de pessoas com alta performance moral, ética e técnica.

PROMOVER programa de saúde, lazer e qualidade de vida para os idosos.

IMPLANTAR mais e mais cursos técnico/profissionalizantes [gratuitos] para jovens carentes.

RETIRAR o Trem de Ferro da cidade, jamais os trilhos, estes para o Trem Turístico.

LIDERANÇAS locais se revezando nos gabinetes do Governador e do Presidente promovendo a cidade e região.

FUNDAR em todas as cidades, estados e países, apaixonados associações de patrocinenses ausentes.

DESAPROPRIAR de uma vez por todas através do estado, o Parque Hotel Serra Negra.

TER em vívida, eterna e grata memória, quem, em todos os tempos, fez muito por Patrocínio.

PRESTAR contas na gestão pública de...até uma agulha.[dinheiro público não é capim]

CRIAR a cultura de que um agente político é apenas um servidor (empregado) da vontade soberana do povo.

MONITORAR com pulso firme a entrada da população flutuante no município.

JAMAIS confundir inchaço populacional [novos bairros] com crescimento econômico planejado e sustentável.

COBRAR dos bem sucedidos filhos de Patrocínio, mais presença e mais investimentos na cidade.

ADOTAR as Ferramentas do Plano de Qualidade Total na gestão pública.

RESGATAR no peito de nossa gente a autoestima e o orgulho de ser patrocinense.

Sei. Já disse no primeiro tópico. Mas se não tivermos este orgulho de nossa terra e nossa gente, vai prevalecer o projeto panelinha e a política ferro e barro. SOMOS ( TODOS NÓS) AGENTES DE UM NOVO AMANHÃ...

*Por Alexandre Rollo

Em artigo que escrevi dias atrás procurei traçar um paralelo entre o atual sistema eletrônico de votação/apuração e o sistema anterior que utilizava urnas de lona, cédulas de papel, com apuração manual voto a voto. A intenção daquele artigo foi deixar claro que, por pior que fosse a urna eletrônica (e ela está longe de ser ruim), ainda assim houve tremendos avanços em relação àquilo que existia no passado.

Naquele artigo frisei que o sistema anterior era bizarro (especialmente em relação à apuração dos resultados), sem entrar em maiores detalhes acerca do nosso sistema eletrônico de votação. Alguns amigos advogados que são críticos ao sistema eletrônico (sim, ainda os tenho), me disseram então que o problema não era a urna eletrônica propriamente dita, mas sim a questão da totalização dos resultados (onde votos dados ao candidato "A" poderiam migrar para o candidato "B"), bem como na "insistência da Justiça Eleitoral" em não aceitar o voto impresso que seria emitido pela própria urna eletrônica, ficando armazenado em local próprio para futura e eventual auditoria/recontagem.

Pois bem, neste curto espaço vou dizer algumas coisas sobre as urnas eletrônicas. Em agosto de 2021, quem rejeitou e arquivou a PEC que propunha o voto impresso foi a Câmara dos Deputados (não a Justiça Eleitoral). O placar dessa votação foi de 229 votos a favor, 218 contra e uma abstenção (448 votos computados).

Como a aprovação de uma PEC exige no mínimo 308 votos, ela foi arquivada. Ou seja, os representantes do povo, eleitos pelo povo através das urnas eletrônicas, rejeitaram o tal "voto impresso auditável".

Essa conta, portanto, não é da Justiça Eleitoral. Mas sem o "voto impresso auditável" é possível ter segurança no sistema eletrônico? Positivo e operante. Sim. Isso é possível. No que toca à fase da votação é preciso que se diga que as urnas não são interligadas e não são conectadas à internet. Isso significa que qualquer programa malicioso que transferisse votos de "A" para "B" (software), precisaria ser rodado em cada uma das urnas de forma individualizada e presencial (não pela internet, já que as urnas não são conectadas à rede mundial de computadores).

Não bastasse isso, o tal programa malicioso não rodaria na urna eletrônica. A própria urna o denunciaria. É impossível inserir e rodar programas estranhos nas urnas eletrônicas, cujas inseminações são feitas por pessoas diferentes, umas fiscalizando as outras. Na véspera da eleição, são sorteadas urnas que estariam prontas para utilização, mas que vão para o processo de votação e apuração paralelas (auditoria), onde os votos são filmados e os resultados são checados, justamente para que se saiba se os votos dados são fielmente registrados pela máquina. Isso é feito há anos e nunca se verificou qualquer fraude.

Os resultados sempre são fiéis aos votos efetivamente registrados e filmados. Restaria, então, a totalização dos votos. Nessa fase também existe a possibilidade de auditoria, bastando a qualquer partido retirar os boletins de urna de cada urna utilizada, somando os votos registrados nesses BU's, para que se tenha a totalização paralela dos votos, que deverá bater com aquela divulgada pela Justiça Eleitoral.

Até hoje nenhum partido se animou em se organizar para isso, embora isso seja possível.

Eles acham muito trabalhoso e se dispensam essa possibilidade de auditoria paralela é porque, no fundo, confiam na fase de totalização. Ademais, para aqueles que defendem o "voto impresso auditável" fica a pergunta que não quer calar: a contagem desse "voto impresso auditável" um a um também não seria algo muito trabalhoso?

Percebam, portanto, que o problema não são as urnas eletrônicas. O problema é que o processo eletrônico foi eleito como bode expiatório nos últimos três anos e meio. Como diria Hamlet, "Há algo de podre no reino da Dinamarca".


*Alexandre Rollo -- Advogado, especialista em Direito Eleitoral. Conselheiro Estadual da OAB/SP. Doutor e Mestre em Direito das Relações Sociais pela PUC/SP.



No fim dos anos 1960 eramos uma turma que levava o almoço para alguns dos funcionários do Frigorífico Dourados — que chamávamos charqueada —, uma grande empresa de Patrocínio, do senhor Jorge Elias Abrão.

As 9h da manhã, de segunda a sexta, íamos recolhendo os caldeirões com o almoço (não eram marmitas, mais à frente você vai entender porque). O Kim, o João, o Arnaldo da dona Selvita e eu. Todos garotos do Alto da Estação (hoje, bairro São Judas), por volta de 11 anos cada. Eu estudava no Grupo Escolar João Beraldo.

Aquela era uma forma de conseguirmos um dinheiro para irmos às matinés de domingo no Cine Patrocínio e comprarmos os gibis do Zorro, Tarzan e Fantasma — que depois trocávamos na porta do cinema.

Hoje, é inadmissível ver uma criança de 11 anos trabalhando (e é bom que seja assim), mas na época não tinha esse tipo de problema. E os pais até gostavam, pois era uma forma de conseguirmos algum dinheiro, visto que todos os pais ali eram pobres.

Aliás, o de melhor situação era o meu pai, Júlio Carteiro, que era funcionário federal. Ele trabalhava nos Correios, vindo da ferrovia, Rede Ferroviária Federal, de onde fora transferido depois de um problema de saúde. Meu pai tinha umas 10 vacas paridas (o que nos dava o leite), umas galinhas, criava porcos (para a gordura e a carne), tinha uma horta com fartura no quintal lá de casa e um caminhão Chevrolet 1949, que transportava lenha que ele vendia para a vizinhança e as padarias de cidade.

Então, saíamos por volta das 9h para pegarmos os caldeirões. Cada um pegava no máximo quatro. Eles eram colocados, cada um caldeirão em seu bornal (uma sacola de pano, com alça longa, que carregávamos a tiracolo com provisões).

Iamos pela estrada de terra — hoje a estrada do aeroporto — onde descansávamos embaixo de jatobá que ficava exatamente onde é o acesso ao parque industrial do Córrego Feio. E quando era época de frutificação das plantas silvestres, colhíamos gabiroba, araçá e mamacadela. Tudo no caminho da charqueada.

Quando chegávamos ao frigorífico, entregávamos os caldeirões para os responsáveis pela cozinha. Eles iam esquentar o almoço, colocando os caldeirões em banho maria num grande fogão de lenha, juntando aos outros mais 100, 200 caldeirões, não sei ao certo quantos eram os funcionários daquele setor.

Depois voltávamos, sempre a pé, quando não conseguíamos carona de algum caminhão boiadeiro.

Minha infância foi feliz, apesar das dificuldades. Hoje, olho para trás e vejo como mudou a vida e os hábitos das pessoas. Estão mais ligadas à internet e redes sociais. Só uma coisa não mudou: as pessoas continuam entregando marmitas, os peões ainda trabalham como antes — talvez mais — pelo mesmo salário e as crianças pobres ainda tem muitas dificuldades, talvez até mais que as da minha geração.

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