Lance de Gustavo Gómez sobre Wanderson, aos 12 minutos, gerou forte impacto e críticas à arbitragem após o jogo.

O Cruzeiro empatou por 0 a 0 com o Palmeiras neste domingo (26), no Allianz Parque, em partida válida pela 30ª rodada do Campeonato Brasileiro. O jogo foi marcado por um erro grave da arbitragem, quando o árbitro Rafael Klein decidiu não expulsar Gustavo Gómez, mesmo após recomendação do VAR. A decisão gerou ampla repercussão nacional e críticas de especialistas e jornalistas.

O lance ocorreu ainda no primeiro tempo, quando o atacante Wanderson recebeu uma entrada com a sola da chuteira no tornozelo direito e precisou ser substituído. O árbitro, que inicialmente não marcou falta, só interrompeu a partida após o jogador cruzeirense permanecer caído. Wanderson deixou o gramado de maca, sendo substituído por Arroyo.

Após ser chamado à revisão pelo árbitro de vídeo Daniel Nobre Bins, Klein analisou as imagens e manteve a decisão de campo, aplicando apenas o cartão amarelo ao zagueiro paraguaio. O fato gerou reclamações dentro e fora de campo, sendo amplamente debatido após o jogo.

O Cruzeiro, que buscava encurtar a distância para a liderança, encerrou a rodada com 57 pontos, mantendo-se na terceira colocação. O Palmeiras chegou a 62 pontos e manteve a ponta, seguido pelo Flamengo com 61. O Mirassol é o quarto colocado, com 55 pontos somados.

O lance que mudou o jogo

Aos 12 minutos da etapa inicial, Wanderson avançava pela esquerda quando foi atingido por Gustavo Gómez. O contato ocorreu com a sola da chuteira, no tornozelo direito do atacante. O árbitro Rafael Klein não marcou a infração de imediato e permitiu a continuidade da jogada.

A paralisação aconteceu apenas após o pedido de atendimento médico ao jogador cruzeirense. Wanderson tentou retornar ao campo, mas não teve condições e foi substituído. A entrada foi considerada perigosa e de intensidade alta pelos profissionais de arbitragem consultados após o jogo.

O VAR recomendou a revisão do lance por possível cartão vermelho. Nas imagens, foi possível observar que o zagueiro palmeirense atingiu diretamente o tornozelo de Wanderson, sem conseguir evitar o movimento. Ainda assim, Klein entendeu que o toque na bola antes do impacto era suficiente para atenuar a punição.

A decisão final foi a marcação da falta e a aplicação do cartão amarelo. A justificativa do árbitro foi de que o defensor não teve tempo hábil para recolher a perna após o contato com a bola. A interpretação foi contestada por comentaristas e ex-árbitros.

A repercussão imediata

Após o jogo, a imprensa nacional destacou o episódio. Marília Ruiz (Band), André Plihal (ESPN), Luiz Felipe Freitas (CazéTV), Fernando Donan (CazéTV) e Lucas Pedrosa (SBT e CazéTV) criticaram a conduta da arbitragem. Todos apontaram falha no uso do VAR e erro na interpretação de Rafael Klein.

Analistas de arbitragem também se manifestaram. PC Oliveira, da Globo, Renata Ruel, da ESPN, e Nadine Basttos, do SBT, afirmaram que a entrada de Gustavo Gómez se enquadrava como jogada de força excessiva e deveria resultar em expulsão direta.

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) divulgou, horas depois do jogo, o áudio oficial do VAR. No diálogo, Daniel Nobre Bins diz: “Recomendo revisão para possível cartão vermelho. No nosso entendimento, o Gustavo Gómez tira a bola e não recolhe a perna, continua o movimento e atinge a canela do jogador adversário em intensidade alta”.

Durante a revisão, Klein respondeu que o jogador tocou a bola antes e não teve tempo para evitar o choque. Ele finalizou dizendo: “Tiro livre direto e cartão amarelo”. O árbitro manteve a decisão, contrariando a recomendação da equipe de vídeo.

O desempenho em campo

O Cruzeiro iniciou a partida com mais posse de bola e presença ofensiva. Mesmo após a lesão de Wanderson, o time manteve o controle e finalizou mais vezes no primeiro tempo. A melhor oportunidade veio em uma cobrança de falta de Arroyo, defendida por Carlos Miguel.

O Palmeiras, com dificuldades na criação, apostou em jogadas laterais e bolas longas, mas pouco ameaçou o goleiro Cássio. A partida seguiu equilibrada até o intervalo, com o Cruzeiro mostrando mais volume de jogo e segurança defensiva.

Na etapa final, Abel Ferreira fez mudanças no meio-campo e conseguiu equilibrar as ações. O time paulista chegou a balançar as redes com Sosa, mas o gol foi anulado por impedimento, confirmado pelo VAR. A decisão foi mantida sem contestação.

Aos 25 minutos, Fabrício Bruno recebeu o segundo cartão amarelo e foi expulso. A falta cometida sobre Allan, na entrada da área, interrompeu um contra-ataque. A expulsão mudou o panorama da partida, obrigando o Cruzeiro a se reorganizar defensivamente.

Polêmicas e decisões

Mesmo com um jogador a menos, o Cruzeiro seguiu criando oportunidades. Kaiki fez boa jogada pela esquerda nos acréscimos e serviu Kaio Jorge, que finalizou da pequena área. O goleiro Carlos Miguel fez a defesa que garantiu o empate sem gols.

O jogo foi marcado por paralisações, revisões e discussões sobre o critério da arbitragem. Rafael Klein distribuiu cinco cartões amarelos e um vermelho durante a partida. A condução do jogo foi considerada irregular por analistas devido à incoerência nas punições aplicadas.

Especialistas consultados após a rodada destacaram que o uso do VAR deveria ter garantido maior uniformidade nas decisões. O episódio reacendeu o debate sobre a atuação do árbitro de campo em lances de contato e sobre a autonomia concedida ao VAR nas revisões.

O Cruzeiro saiu de campo com sensação de prejuízo pelas decisões disciplinares. O clube ainda não se manifestou oficialmente, mas o departamento jurídico monitora as repercussões do episódio junto à CBF.

Contexto do campeonato

Com o empate, o Cruzeiro chegou a 57 pontos e permaneceu na terceira colocação da tabela. A equipe segue viva na disputa pelas primeiras posições e ainda sonha com a vaga direta na Libertadores. O próximo compromisso será contra o Vitória, no Mineirão.

O Palmeiras manteve a liderança com 62 pontos, seguido de perto pelo Flamengo, com 61. O Mirassol, quarto colocado, soma 55 pontos e tenta se aproximar do G-3. O resultado mantém a disputa aberta no topo da tabela nas oito rodadas finais do campeonato.

O técnico Fernando Jardim terá uma semana de treinos na Toca da Raposa II antes de definir a equipe para o próximo confronto. A ausência de Fabrício Bruno por suspensão é certa, e Wanderson deve ser reavaliado pelo departamento médico.

O Cruzeiro enfrenta o Vitória no sábado (1º), às 16h, no Mineirão. A partida é válida pela 31ª rodada do Campeonato Brasileiro e pode consolidar a posição da equipe entre os quatro primeiros colocados da competição.

Ficha técnica

Motivo: 30ª rodada da Série A do Campeonato Brasileiro
Data e horário: 26 de outubro de 2025 (domingo), às 20h30
Local: Allianz Parque, em São Paulo (SP)

Cruzeiro: Cássio; William, Fabrício Bruno, Villalba e Kaiki; Lucas Romero, Lucas Silva e Christian; Matheus Pereira (Eduardo, 50’ 2ºT), Wanderson (Arroyo, 16’ 1ºT) (Jonathan Jesus, 27’ 2ºT) e Kaio Jorge. Técnico: Leonardo Jardim.

Palmeiras: Carlos Miguel; Khellven (Giay, 21’ 2ºT), Gustavo Gómez, Murilo, Bruno Fuchs e Jefté; Andreas Pereira, Felipe Anderson (Ramon Sosa, intervalo) e Mauricio; Flaco López (Bruno Rodrigues, 17’ 2ºT) e Vitor Roque (Allan, 17’ 2ºT). Técnico: Abel Ferreira.

Cartões amarelos: Gustavo Gómez e Khellven (Palmeiras); Fabrício Bruno, Villalba e Romero (Cruzeiro).
Cartão vermelho: Fabrício Bruno (aos 25’ do 2º tempo).
Árbitro: Rafael Rodrigo Klein (RS).
Assistentes: Rafael da Silva Alves (RS) e Eduardo Gonçalves da Cruz (MS).
VAR: Daniel Nobre Bins (RS).