Na quarta edição de Jogos Olímpicos, atleta de Sobradinho é recompensado após anos de resiliência



Caio Bonfim, medalhista de prata.
Foto Alexandre Loureiro/COB

Da redação da Rede Hoje

Caio Bonfim é o exemplo perfeito de resiliência. Por anos, enfrentou ofensas machistas enquanto treinava nas ruas de Sobradinho, no Distrito Federal. Sob sol e chuva, ele percorreu quilômetros em treinos e competições pelo mundo, com o objetivo de levar a marcha atlética do Brasil a um patamar nunca antes alcançado. Hoje, o filho de Gianetti e João, também marchadores, finalmente conquistou o lugar que sempre mereceu: o pódio olímpico.

Sua inédita medalha de prata foi conquistada na prova masculina de 20km dos Jogos Olímpicos Paris 2024, sua quarta participação no evento. Nesta quinta-feira, Caio completou o percurso em 1h19min09, ficando atrás apenas do equatoriano Brian Daniel Pintado, que venceu com 1h18min55. O espanhol Álvaro Martín completou o pódio.

“Medalha no Brasil, na marcha atlética, não tem cor. Quando passei a linha de chegada no Rio, pensei se teria outra chance de disputar os Jogos. Fiquei muito orgulhoso daquele quarto lugar. Abriu muitas portas. Na minha cidade, brinco que antes da Rio 2016 eu era xingado quando marchava. Depois de lá, tudo mudou. As buzinas eram seguidas de ‘vamos, campeão’. Quando meu pai me chamou para marchar pela primeira vez, fui muito xingado. Era muito difícil ser marchador”, contou.

Caio fez sua estreia olímpica em Londres 2012, terminando na 39ª colocação. No Rio 2016, ficou em quarto lugar e, em vez de lamentar o “quase”, ajoelhou-se e agradeceu. Em Tóquio, foi 13º. Nunca deixou de lutar e encontrou nos Campeonatos Mundiais a confirmação de que estava no caminho certo, conquistando bronze em Londres 2017 e Budapeste 2023.

“Eu não sei como expressar o que tudo isso significa. Não estou acostumado a ser chamado de medalhista olímpico. Sempre foi um sonho. Sou de Brasília, cresci com Joaquim Cruz. Nossa bolsa atleta surgiu por causa do resultado dele. E agora, eu tenho uma medalha igual à dele. É um momento especial que representa todos esses anos. Olimpíada não é apenas um ciclo olímpico, é uma vida inteira”, completou Caio, emocionado.

Na prova, Caio impôs um ritmo forte desde a primeira volta no circuito montado no Trocadéro, chegando a abrir sete segundos de vantagem sobre os adversários. Embora o grupo dos líderes tenha encostado, ele permaneceu firme entre os cinco primeiros. Brian Pintado disparou em direção à vitória, mas Caio se concentrou na sua prova e continuou marchando em direção à linha de chegada, conquistando um resultado histórico que coroa toda a sua trajetória e dedicação. Aos 33 anos, Caio, filho de Gianetti e João, pode agora mostrar aos próprios filhos que quem espera e trabalha duro sempre alcança.


Fonte: COB