“Está sendo criado um fundo para o Nordeste, Norte e Centro-Oeste, mas e o Sul e Sudeste?”, indaga o governador de Minas Gerais em entrevista

Romeu Zema e Jair Bolsonaro. Créditos: Alan Santos/PR

Por Raphael Sanz | Revista Forum

O Estadão publicou uma entrevista com Romeu Zema (Novo-MG) neste sábado (5) em que o governador bolsonarista de Minas Gerais deu mais uma de suas declarações lamentáveis. Dessa vez, o governador fez um inacreditável discurso que beira o separatismo para atacar o fundo que busca combater a fome e a miséria nas 3 regiões mais vulneráveis do país: Norte, Nordeste e Centro-Oeste

Romeu Zema tenta fazer conta básica de divisão, mas não consegue

“Outras regiões do Brasil, com Estados muito menores em termos de economia e população se unem e conseguem votar e aprovar uma série de projetos em Brasília. E nós, que representamos 56% dos brasileiros, mas que sempre ficamos cada um por si, olhando só o seu quintal, perdemos. Ficou claro nessa reforma tributária que já começamos a mostrar nosso peso”, declarou o governador.

Além da clara insensibilidade com a situação das regiões brasileiras, Zema ignora que de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – que o governo Bolsonaro tentou fechar de forma indireta – no Norte e no Nordeste do Brasil mais de 40% da população vive em situação de pobreza.

“Está sendo criado um fundo para o Nordeste, Norte e Centro-Oeste. Agora, o Sul e o Sudeste não têm pobreza? Aqui todo mundo vive bem, ninguém tem desemprego (SIC), não tem comunidade… Nós também precisamos de ações sociais. Então, o Sul e o Sudeste vão continuar com a arrecadação muito maior do que recebem de volta?”, questionou.

O governador mineiro quer articular uma reação no Congresso Nacional por parte da oposição bolsonarista que assiste o Governo Lula aprovar todas as matérias de interesse nacional que propõe. O reclame da vez é em relação à Reforma Tributária que foi aprovada na Câmara e agora é discutida no Senado. A mudança prevê o fundo de combate à miséria nessas regiões.

O problema é vermos um governador que pega a parte pelo todo, como se não houvesse programas sociais que atendem aos pobres do Sul e do Sudeste, para buscar engajamento político. Na entrevista, Zema anunciou a articulação do Consórcio Sul-Sudeste (Cossud), bloco que lidera ao lado de Ratinho Jr (PSD), o governador do Paraná.

Governadores do Nordeste Reagem



Como governadores do Nordeste reagiram a discurso separatista de Zema. Créditos: Site Governo do Estado do Ceará

Em resposta a Romeu Zema (Novo-MG), grande parte dos governadores dos estados do Nordeste se posicionaram nesse final de semana contra o discurso separatista do governador de Minas Gerais. Nas redes sociais, as autoridades estaduais defenderam a união do país e expuseram o caráter leviano das falas do mandatário mineiro.

Carlos Brandão (PSB-MA), governador do Maranhão, postou no Twitter: “Como nordestinos e, acima de tudo, como bons brasileiros, defenderemos o nosso povo contra qualquer prática preconceituosa e que negue a nossa importância. Continuaremos agregando, mas combatendo desigualdades, respeitando as diversidades e construindo um país melhor para todos”, seguido da nota oficial do Consórcio Nordeste, assinada por todos os governadores da região.

A governadora Raquel Lyra (PSDB-PE), de Pernambuco, também se posicionou defendendo que o Nordeste é parte da solução do país e deve receber atenção nas discussões federativas após tanto tempo de descaso e indiferença.

Fátima Bezerra (PT-RN), do Rio Grande do Norte, também postou a nota oficial do Consórcio Nordeste e pediu: “Brasil próspero e justo é Brasil unido! Respeite o Nordeste!”. Já o governador de Alagoas, Paulo Dantas (MDB-AL), retuitou a entrevista de Zema e reforçou a importância da união do Brasil.

Na Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT-BA) postou: “Não existe eles e nós, somos um só povo. Para o país dar certo, é preciso união entre os estados. Não devemos perder tempo com narrativas segregadoras, cuidar da nossa gente é o que realmente importa. Quando se trata de Brasil, vale o velho ditado: a união faz a força”.

Rafael Fonteles (PT-PI), do Piauí, avisou que, num momento em que precisamos de união, “quem apostar contra a união do povo brasileiro vai perder”.

Por fim, o governador de Sergipe, Fábio Mitidieri (PSD-SE), declarou que “o Brasil precisa de união para melhorar a vida da população. Manifestações separatistas são um desserviço. O Nordeste tem contribuído para o fortalecimento da nação e da democracia. Posições claramente politiqueiras e com viés nas eleições de 2026 devem ser repudiadas”.

Fonte: Reportagem publicada no portal da Revista Forum