Projeto-piloto em parceria: Fundação Giuseppe e Pericle Lavazza, xFarm Technologies, USP e o Consórcio Cerrado das Águas (CCA) com produtores do Programa de Investimento no Produtor Consciente do CCA

Fotos: divulgação CCA

Da Redação da Rede Hoje*

A Lavazza, empresa italiana fabricante de produtos de café e integrante da plataforma colaborativa do Consórcio Cerrado das Águas (CCA), apresentou, em 2019, sua parceria com xFarm Technologies, plataforma multinacional criada para agricultores valerem-se de recursos da agricultura digital para gestão eficiente do seu negócio; ao CCA com vistas a implantar um projeto-piloto para uso racional da água em áreas irrigadas. A aplicação do teste foi feita na Fazenda Cinco Estrelas, do produtor rural, Ricardo dos Santos Bartholo, integrante das estratégias de Agricultura Climaticamente Inteligente do Consórcio Cerrado das Águas. A propriedade fica localizada na bacia do córrego Feio, principal fonte hídrica de Patrocínio-MG, maior município produtor de café do Brasil. Durante a fase de teste, foram implantados sensores com monitoramento digital, cujo objetivo foi otimizar o manejo da irrigação e, consequentemente, reduzir o uso deste recurso natural na produção agrícola.

"O objetivo deste trabalho foi relatar a utilização de um sistema agronômico de apoio à decisão (SAD) para reduzir o uso de água em uma lavoura cafeeira irrigada em Minas Gerais e demonstrar como a transformação digital da produção agrícola pode auxiliar no uso inteligente da água disponível para irrigação, principalmente nos períodos de seca. O uso responsável dos recursos hídricos é, portanto, parte de uma estratégia mais ampla para reduzir os riscos de superexploração dos recursos ambientais para resguardá-los e protegê-los, além de oferecer economia de trabalho e recursos financeiros. O uso da tecnologia é um tema de grande importância no mundo da cafeicultura para apoiar os cafeicultores na implementação de práticas agrícolas eficientes e sustentáveis ao longo do tempo", avalia Mario Cerutti, Diretor de Sustentabilidade do Grupo Lavazza.



Este projeto contou também com o apoio científico-acadêmico da Universidade de São Paulo (USP) e consiste na utilização dos sensores eletrônicos para promover a agricultura digital e, com isso, monitorar a umidade do solo e orientar o produtor a conhecer a quantidade de água ali armazenada, compreendendo a capacidade que o solo tem em reter a água, utilizando este recurso aos poucos. Por isso os sensores são importantes, pois eles são o caminho para tal entendimento e informação ao produtor sobre a evolução da umidade do solo, seja por evaporação, perda ou aproveitamento da água pela planta.


Resultados que projetaram a expansão

Os resultados alcançados foram positivos, gerando economia de 30% de água na referida propriedade. Diante disso, as empresas parceiras decidiram expandir o projeto, sendo, agora, recebido pelos produtores da bacia de Ribeirão Grande e seu entorno, em Serra do Salitre, vinculados ao Consórcio Cerrado das Águas. Em junho, os primeiros sensores foram instalados nas propriedades integrantes do PIPC - Programa de Investimento no Produtor Consciente, na bacia do ribeirão Grande, com treinamento e orientações da xFarm sobre como extrair dados por meio da tecnologia de fácil acesso, cuja expectativa dos produtores é obter economia do recurso hídrico, bem como alcançar precisão em informações como chuvas e umidade do solo, a exemplo dos resultados alcançados no projeto-piloto.

"Sempre foi uma preocupação de todos na minha propriedade sobre o uso racional da água e sobre a utilização, em menor nível possível para o café, pensando em resolver o problema de falta de água para a lavoura e que não prejudicasse o abastecimento da população, visto que a água do córrego Feio não é abundante, mas, sim, suficiente e necessária para abastecer a cidade e os irrigantes. Assim, por meio do Consórcio Cerrado das Águas, apareceu um pessoal disposto a ajudar a mensurar se era possível reduzir os níveis de água utilizados com o investimento da Lavazza, e o apoio do Professor Jarbas de Miranda, da USP, e da xFarm. Eles instalaram sensores de solo para medir a umidade pela raiz, substituindo tabelas regionais de perda de água do solo. A real situação do solo foi analisada e assim foi feito um controle efetivo dessa necessidade pelo cafeeiro, dando a ele quantidades mínimas de água", explicou Bartholo em entrevista ao podcast MudAgora do Consórcio Cerrado das Águas, disponível no Spotify, no qual ele e o Professor Dr. Jarbas Honorio de Miranda (Departamento de Engenharia de Biossistemas, ESALQ/USP) esclareceram as etapas do projeto-piloto.

Em execução pela transição para a Agricultura Inteligente para o Clima

Até o momento foram instalados cinco sensores de solo e três estações meteorológicas, a expectativa é instalar mais cinco sensores e mais duas estações até setembro de 2023. O projeto possui capacidade para atender até 20 produtores rurais com a tecnologia proporciona inovação de comunicar ao produtor, em tempo real, sobre a umidade do solo em diferentes camadas. Com redução significativa do uso da água nas plantações de café em Serra do Salitre, o CCA avança em seus objetivos de ser um facilitador para a transição para uma agricultura inteligente para o clima juntamente com os parceiros de sua plataforma colaborativa.


"Esse projeto vem ao encontro ao planejamento estratégico do CCA que tem como eixo de ação buscar meios para aprimorar a metodologia e instrumentos para que os produtores tenham redução de custos e capacidade de adaptação de suas lavouras ao processo de mudanças climáticas. A água é um dos fatores limitantes para produção de café na região. Ter um método eficiente e com baixo custo para os produtores, torna-os mais resilientes", avalia Fabiane Sebaio, Secretária Executiva do Consórcio Cerrado das Água.

Este é mais um projeto que fortalece as estratégias do CCA junto aos produtores em prol da Agricultura Climaticamente Inteligente. Recentemente, em parceria com a Rabo Foundation, braço de investimento de impacto do banco holandês Rabobank e a COFCO Internacional, uma das maiores tradings do mundo e membro associado do CCA, estão ofertando a primeira linha de financiamento para a resiliência hídrica do café brasileiro. O valor total do financiamento será de R$1,6 milhão e beneficiará produtores da bacia do ribeirão Grande. 


Fonte: Polliana Dias do Consórcio Cerrado das Águas*