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Parlamentar da mesma vertente política do governador Cláudio Castro, da tribuna da Câmara dos Deputados, menciona a morte de quatro pessoas sem ligação criminal, filhos de fiéis de sua igreja.


O deputado federal Otoni de Paula durante discurso na tribuna da Câmara.
Foto: Câmara dos Deputados

Da Redação da Rede Hoje 

O deputado federal Otoni de Paula (MDB) utilizou a tribuna da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (30). Ele fez um pronunciamento sobre a megaoperação policial que ocorreu nos Complexos da Penha e Alemão, na Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro. A operação, que se estendeu por dois dias, resultou em um alto número de mortes, conforme balanços divulgados pelas forças de segurança.

O parlamentar, que é do mesmo campo político do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), manifestou críticas à condução da ação. Ele afirmou que conhece pessoalmente quatro das vítimas fatais do confronto policial. De acordo com o deputado, estes quatro indivíduos eram filhos de membros de sua igreja evangélica, o Ministério Missão de Vida.

Segundo as declarações do deputado, estas quatro pessoas não possuíam qualquer envolvimento com o crime organizado. Otoni de Paula destacou que eles foram contabilizados no pacote de óbitos como se fossem bandidos. A operação resultou em um total de 121 mortes registradas, conforme os dados apresentados e apurados até o momento desta manifestação.

Otoni de Paula questionou a maneira como as vítimas são identificadas em ações policiais nas comunidades. Ele afirmou que, em dias de operação na favela, o fato de ser "preto" e correr é suficiente para ser enquadrado como criminoso. Esta visão apresentada pelo deputado contesta a narrativa oficial de que todos os mortos seriam integrantes de facções.

O deputado expressou emoção durante seu discurso e fez críticas sobre o que chamou de racismo presente nas abordagens policiais. Ele mencionou a facilidade com que pessoas fora das comunidades julgam a letalidade das operações. O parlamentar ressaltou que a realidade da favela é desconhecida por muitos que estão no "asfalto".

A Crítica e a Realidade

O parlamentar citou sua experiência pessoal ao falar sobre o pânico de ter um filho "preto" morando no Rio de Janeiro. Ele relatou que teve de instruir seu filho sobre a vestimenta adequada para evitar abordagens e julgamentos precipitados. A preocupação demonstrada pelo deputado enfatiza a seletividade racial nas ações de segurança pública.

Otoni de Paula detalhou que o uso de "chinelo havaiana e sem camisa" em uma favela, mesmo sendo um trabalhador, pode levar à categorização como bandido se houver uma fuga. O deputado lamentou que a verdade sobre a inocência de seu filho só seria conhecida após um eventual disparo. Esta declaração sublinha a inversão do ônus da prova nas periferias.

A igreja Ministério Missão de Vida, onde Otoni de Paula atua como pastor, foi fundada no ano de 1998. A atuação do deputado como líder religioso reforça seu conhecimento e contato direto com a população das comunidades. Este contexto confere peso às suas alegações sobre as vítimas da operação policial.

O balanço inicial das forças de segurança indicou que, na terça-feira (28), primeiro dia da operação, 58 pessoas morreram. Desse total, foram reportados 54 suspeitos e quatro policiais. As informações oficiais foram divulgadas em comunicados do governo e das autoridades responsáveis pela ação.


Com informações do jornal carioca "O Dia"