
Audiência pública na ALMG discutiu terceirização irregular, sobrecarga nas agências e fechamento de unidades do banco — Foto: Willian Dias
Da Redação da Rede Hoje
O Sindicato dos Bancários denunciou nesta quarta-feira (20) a precarização do atendimento e das condições de trabalho no Banco Santander durante audiência pública da Comissão do Trabalho, da Previdência e da Assistência Social da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). O debate foi solicitado pela deputada Beatriz Cerqueira (PT).
De acordo com os sindicalistas, a política de fechamento de agências tem resultado em demissões e na transferência de clientes para unidades virtuais ou lojas com atendimento limitado, muitas vezes prestado por inteligência artificial ou funcionários sem treinamento adequado. Desde 2019, mais de 60 agências foram fechadas no Estado, deixando cidades do interior sem atendimento presencial. Em Belo Horizonte, restam apenas 22 unidades em operação, embora 54 ainda constem sob supervisão do Banco Central, devido à fusão de agências.
O presidente do Sindicato, Ramon Silva Rocha Peres, criticou o contraste entre o lucro do banco e a qualidade do atendimento: “Não é possível um banco ter um lucro bilionário ano após ano e querer dar um atendimento ruim à população e tirar direitos dos trabalhadores, simplesmente para ter mais lucro.” Segundo a Federação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro, o Santander lucrou R$ 7,5 bilhões no primeiro semestre de 2025, 20% a mais que no mesmo período do ano passado.
Entre as principais denúncias estão a chamada “multicanalidade”, que transformou agências em lojas com horários estendidos e menos funcionários, e a terceirização de bancários para empresas coligadas, retirando benefícios como jornada de seis horas, participação nos lucros e auxílio à qualificação. O crescimento do número de correspondentes bancários, em supermercados, farmácias e padarias, também foi apontado como fator que transfere riscos e reduz custos operacionais do banco.
O superintendente regional do Trabalho, Carlos Calazans, considerou graves as denúncias e se colocou à disposição para intermediar a interlocução entre Sindicato, Banco Central e Receita Federal. A deputada Beatriz Cerqueira criticou a ausência de representantes do Santander na audiência e informou que as notas taquigráficas serão encaminhadas à Superintendência Regional do Trabalho e ao Ministério Público do Trabalho para providências.
Os debates sobre responsabilidade social das instituições financeiras, direitos trabalhistas e qualidade do atendimento bancário frente a lucros crescentes, precisam ser feitos.