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Comunidade Sanhudo, em Brumadinho, recebeu visita da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia de Minas; moradores citam falta de água, problemas de saúde e prejuízos ao patrimônio.

Moradores do quilombo Sanhudo mostram nascentes atingidas
– Foto: Willian Dias/ALMG

Da Redação da Rede Hoje

A comunidade quilombola Família Sanhudo, no povoado de Tejuco, em Brumadinho (Região Metropolitana de Belo Horizonte), relatou nesta segunda-feira (18) à Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais dificuldades no abastecimento de água, problemas de saúde e danos ao patrimônio provocados pela atividade minerária na região.

O Tejuco tem aproximadamente 600 famílias, somando 3 mil pessoas. Entre elas, cerca de 40 pertencem à Família Sanhudo, cujo território foi reconhecido pela Fundação Cultural Palmares em 2024. O quilombo, de existência centenária, está cercado por áreas de mineração, incluindo a mina do Córrego do Feijão, da Vale, e outras empresas em operação ou em processo de licenciamento.

Segundo lideranças locais, o fornecimento de água deixou de ser autogerido após intervenções da Vale em 2020. Desde então, o abastecimento é feito por caminhões-pipa e entrega de fardos de água mineral, medida considerada insuficiente pelos moradores. Um termo firmado em 2023 determinou que a Copasa assumirá o fornecimento, com obras custeadas pela mineradora, mas integrantes da comunidade afirmam não ter sido consultados.

Além da escassez hídrica, a população denuncia rachaduras na Igreja de Nossa Senhora das Mercês, construção do século XIX usada em celebrações religiosas e festas tradicionais. Os moradores atribuem os danos ao tráfego intenso de veículos pesados após o rompimento da barragem da Vale, em 2019.

Representantes também relataram problemas de saúde, como doenças de pele e respiratórias, que, segundo eles, estariam ligadas à qualidade da água e à poeira resultante das operações minerárias.

A deputada Bella Gonçalves (Psol), presidente da comissão, afirmou que a situação ameaça a continuidade do modo de vida quilombola e citou pesquisa da Fiocruz que identificou contaminação por metais pesados na região. A Defensoria Pública de Minas e a Fundação Cultural Palmares acompanharam a visita, que resultará em encaminhamentos judiciais e administrativos para acompanhamento do caso.