Ministro Fernando Haddad durante reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável — Foto: Lula Marques/Agência Brasil

Brasília – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quarta-feira (6) que o plano com medidas para enfrentar o tarifaço imposto pelos Estados Unidos está pronto e será entregue ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda hoje. O documento deve embasar uma Medida Provisória (MP) que poderá entrar em vigor imediatamente.

Segundo Haddad, o foco principal é proteger os pequenos produtores e exportadores, que têm menos alternativas de mercado diante das novas barreiras comerciais anunciadas pelo governo do presidente Donald Trump.

“O plano está muito detalhado. Ontem explicamos ao presidente que a especificação empresa por empresa será feita por regulamentação, não precisa constar em lei. A MP vai tratar da estrutura geral para proteger quem mais precisa”, afirmou o ministro ao chegar ao ministério.

As ações incluem concessão de crédito emergencial para empresas afetadas e o aumento das compras públicas de produtos brasileiros.

Defesa da soberania e crítica à oposição

Haddad também reagiu às pressões políticas e externas sobre o Brasil. Disse que o Executivo está zelando pela soberania nacional e classificou como “inaceitável” a tentativa dos EUA de interferirem em decisões do Judiciário brasileiro.

Ele pediu uma mobilização nacional, envolvendo até governadores e empresários da oposição:

“Precisamos unir o país. Empresários devem cobrar a oposição para que parem de atrapalhar. Nenhum indiano, chinês ou europeu trabalha contra o próprio país em Washington. Aqui, temos isso.”

O ministro citou uma recente entrevista do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro, em que o parlamentar teria feito ameaças aos poderes constituídos.

“Foi uma fala forte, ameaçando o Congresso Nacional. Isso precisa ser denunciado. Precisamos separar o que é economia do que é política”, completou.

Diálogo com os EUA

Haddad informou que a reunião com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, está marcada para a próxima quarta-feira (13). A depender do resultado, o encontro pode evoluir para uma negociação presencial.

O ministro também criticou o tratamento diferenciado dado ao Brasil em relação aos vizinhos sul-americanos.

“Não faz sentido taxar em 10% produtos de países que já têm relação comercial deficitária com os EUA. O Brasil faz parte de um bloco. Deve ser tratado como tal, como é feito com a União Europeia.”

A MP deve ser publicada nos próximos dias, com efeitos imediatos para atenuar os prejuízos das exportações brasileiras.

Com informações da Agência Brasil