As medidas variam de melhorias na gestão das faixas de rodovias a soluções tecnológicas avançadas, como a geração artificial de chuvas usada em países europeus e do Oriente Médio.
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Agricultores estimam prejuízos de R$ 180 milhões com incêndios em Minas

Da redação | Rede Hoje

Ainda sem previsão para o retorno de chuvas constantes, algumas medidas podem ajudar a minimizar e prevenir, nos próximos anos, o impacto da onda de queimadas que anualmente atinge Minas Gerais. Esses incêndios afetam especialmente o setor sucroenergético, o segundo maior do país, causando grandes prejuízos à produção agrícola.

Essas medidas vão desde melhorias simples na gestão das faixas de domínio das rodovias, onde muitos focos de incêndio se iniciam, até soluções tecnológicas mais avançadas e onerosas, como a geração artificial de chuvas, já utilizada em alguns países europeus e do Oriente Médio. A ideia é que ações preventivas ajudem a evitar novas catástrofes.

Na última quarta-feira (11/9/24), essas soluções foram apresentadas em uma audiência pública promovida pela Comissão de Agropecuária e Agroindústria da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). O debate buscou discutir o impacto dos incêndios rurais no agronegócio do Estado, um tema de extrema relevância diante do agravamento da situação climática.

O deputado Raul Belém (Cidadania), presidente da comissão e autor do requerimento para a audiência, destacou que os produtores agrícolas são vítimas dos incêndios, e não causadores. Ele reforçou a necessidade de reavaliar a capacidade do Estado em combater os incêndios. “O setor produtivo não tem culpa pelos incêndios. A estiagem sem precedentes exige medidas permanentes e eficazes para enfrentar o problema”, afirmou.

Segundo Belém, muitos produtores enfrentam prejuízos incalculáveis devido aos incêndios, que destroem lavouras e pastagens. Ele defendeu ajustes no Plano Safra e uma maior carência nos prazos de pagamento para que os afetados possam honrar seus compromissos financeiros sem sofrer ainda mais perdas.

O deputado Antonio Carlos Arantes (PL) também se pronunciou, enfatizando a importância de o poder público investir na criação de brigadas de incêndio em todos os municípios atingidos. Para ele, esse é um investimento que pode prevenir grandes tragédias e proteger os produtores rurais, que frequentemente são responsabilizados injustamente pelos incêndios.

Crédito: Willian Dias

Segundo cientista búlgaro (à esquerda), tecnologia que gera chuva artificial pode resultar em um aumento de 15% nas precipitações

Outro participante da audiência, o deputado Dr. Maurício (Novo), lembrou que o Corpo de Bombeiros não tem capacidade para lidar com todas as ocorrências no meio rural. A solidariedade entre vizinhos tem sido essencial para evitar tragédias maiores em regiões afetadas pelos incêndios.

Mário Ferreira Campos Filho, presidente da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais, apresentou sugestões concretas para combater os incêndios. Entre elas, a limpeza das faixas de domínio das rodovias e a modernização de estruturas antigas da Cemig, como postes de madeira, que são vulneráveis a incêndios. Ele também defendeu a reestruturação do programa Previncêndio, que poderia incluir aeronaves específicas para combate ao fogo em regiões críticas.

João Ricardo Albanez, secretário-adjunto de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), reforçou a gravidade do problema e revelou que o governo de Minas já investiu cerca de R$ 10 milhões este ano em ações de combate a incêndios. No entanto, ele alertou que a quantidade e a localização dos focos de fogo mudam constantemente, dificultando o trabalho de controle.

O cientista búlgaro Hristo Krusharski apresentou uma solução tecnológica promissora: a geração artificial de chuvas. Ele explicou que, embora cara, a técnica já foi testada com sucesso em países como Grécia e Emirados Árabes Unidos. Krusharski afirmou que a aplicação dessa tecnologia no Brasil poderia aumentar as precipitações em até 15% e reduzir as queimadas em 50% já no primeiro ano de uso.

Para enfrentar o desafio das queimadas, será necessário um esforço conjunto entre o setor público, privado e a adoção de novas tecnologias.