Além das dificuldades alimentares, o aumento nos focos de queimadas trouxe uma ameaça adicional, exigindo medidas preventivas por parte dos produtores para evitar prejuízos significativos.

Crédito: divulgação | Emater - MG



Medidas preventivas por parte dos produtores evitam prejuízos significativos.

Da redação | Rede Hoje

Durante o período seco, os pecuaristas enfrentam uma série de desafios para garantir a saúde e o bem-estar do rebanho bovino. Com a redução significativa da oferta e qualidade das pastagens, a alimentação dos animais torna-se uma preocupação central. Este ano, além das dificuldades alimentares, o aumento nos focos de queimadas em diversas regiões do país trouxe uma ameaça adicional, exigindo medidas preventivas por parte dos produtores para evitar prejuízos significativos.

Manoel Lúcio Pontes Morais, coordenador técnico Estadual de Bovinocultura da Emater-MG, destaca que a prevenção é essencial para mitigar os riscos de incêndios. Segundo ele, uma das ações mais importantes é a construção de aceiros, que devem ser realizados nas divisas das propriedades e nas margens das estradas. "Além de prevenir o avanço do fogo, os aceiros evitam que os animais fiquem encurralados em áreas com maior risco de incêndio", alerta Manoel, ressaltando que o estresse causado pelo fogo pode levar à fuga desordenada, resultando em danos físicos ou até na morte dos animais.

Os aceiros devem ter, no mínimo, cinco metros de largura e precisam ser mantidos limpos, especialmente no início da seca. No entanto, Manoel adverte que, em alguns casos, essa medida pode não ser suficiente. "Fatores como o vento, a vegetação seca e o relevo podem fazer com que o fogo ultrapasse as barreiras. Por isso, o pecuarista deve monitorar continuamente a área em busca de sinais de fumaça e estar preparado para retirar os animais em situações de emergência."

Manejo da Alimentação

Outro aspecto importante para o período seco é o manejo adequado da alimentação. Com o atraso das chuvas e o calor intenso, a recuperação das pastagens torna-se mais lenta, exigindo um planejamento prévio. A recomendação é que os pecuaristas armazenem uma quantidade de alimentos maior do que a inicialmente estimada, com uma margem de segurança de pelo menos 30%, para lidar com imprevistos como incêndios ou problemas climáticos que afetem o pasto.

O uso do sal proteinado é outra estratégia eficaz para melhorar a digestibilidade do capim seco pelas vacas. Esse suplemento alimentar permite que o gado aproveite melhor a pouca pastagem disponível, garantindo que os animais mantenham uma condição corporal adequada mesmo durante a seca. "O sal proteinado é fundamental para a saúde do rebanho nesse período crítico", reforça Manoel.

Água

A água também desempenha um papel crucial durante a seca. É essencial que os animais tenham acesso constante a água limpa, não apenas para manter a hidratação, mas também para auxiliar na digestão do capim seco, que pode ser mais difícil de processar. Bebedouros em todas as mangas devem ser monitorados regularmente para garantir a qualidade da água disponível ao gado.

Além de ajustar o manejo alimentar, os pecuaristas devem intensificar o monitoramento da saúde do rebanho durante a seca. Doenças, problemas de manejo e outras condições adversas podem afetar o desempenho dos animais, e a identificação precoce desses problemas é crucial para evitar complicações maiores. "O acompanhamento diário do rebanho pode fazer a diferença entre a saúde e o comprometimento dos animais", afirma Manoel.

Períodos seco e o chuvoso


A transição entre o período seco e o chuvoso, que ocorre entre setembro e outubro, também requer atenção. Mesmo com a rebrota do capim, o atraso das chuvas e as altas temperaturas podem comprometer a qualidade do pasto, prolongando os desafios alimentares enfrentados pelos pecuaristas. Portanto, é essencial manter o planejamento e a vigilância para que o rebanho não sofra com a falta de alimento adequado até que as chuvas se regularizem.

A combinação de fatores climáticos adversos, risco de incêndios e escassez de pastagens exige que os produtores de leite e carne bovina adotem uma postura proativa no manejo de suas propriedades. Prevenir problemas antes que eles se agravem pode significar a diferença entre manter a produção estável ou enfrentar prejuízos irreversíveis durante o período seco.

Em um cenário cada vez mais desafiador, a preparação adequada e o acompanhamento constante do rebanho são as principais armas dos pecuaristas para proteger seus animais e manter a produção viável durante a seca.