Rotina de exercícios evita riscos à saúde durante a terceira idade

Da redação da Rede Hoje

Nesta sexta-feira (26), Dia dos Avós, avós e netos têm uma oportunidade especial para celebrar uma conexão que une os dois extremos da vida. De um lado, temos a vitalidade da juventude; do outro, a experiência e os conhecimentos acumulados ao longo de uma vida inteira.

Essa interação, benéfica para ambos, pode ser enriquecida e prolongada com alguns cuidados importantes, especialmente para aqueles na terceira idade.

“A atividade física é fundamental para acompanhar o ritmo dos meus netos. Quero que isso dure o máximo possível. É o que mais me motiva a deixar a inatividade de lado e fazer meus exercícios”, afirma a aposentada Helia de Assis Ribeiro, de 86 anos, que recentemente retornou de uma viagem a Foz do Iguaçu com seus cinco netos, que variam de 12 a 30 anos.

Riscos da Idade

Segundo dados do Ministério da Saúde, em 2023, as três principais causas de internações e óbitos entre pessoas com mais de 60 anos estão diretamente ligadas à falta de atividade física regular.

Doenças cardiovasculares causaram mais de 790 mil internações e 310,9 mil óbitos no ano passado. As doenças respiratórias resultaram em 465,8 mil internações e 145,2 mil óbitos. Neoplasias (tumores) foram responsáveis por 455,5 mil internações e 184,3 mil óbitos.

A boa notícia é que a prática regular de exercícios pode melhorar essas estatísticas.

“A atividade física é essencial para a prevenção e controle de doenças não transmissíveis, como doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e vários tipos de câncer”, explica Talita Cezareti, educadora física e especialista em gerontologia pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG).

Ela destaca que a falta de atividade física está associada a uma série de problemas para a saúde dos idosos, incluindo maior mortalidade geral e por doenças cardiovasculares, aumento da incidência de hipertensão, alguns tipos de câncer e diabetes tipo 2.

Com base em dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), Talita afirma que entre 4 e 5 milhões de mortes poderiam ser evitadas anualmente se a população global fosse mais ativa fisicamente, uma vez que um terço de todas as mortes decorre de doenças cardiovasculares.

Benefícios

Antes de se aposentar, Helia Ribeiro, que trabalhava como assistente social, já observava os benefícios das atividades físicas para os idosos sob seus cuidados.

“Eu incentivava os idosos a se manterem ativos. Sempre soube que a falta de exercícios compromete a qualidade de vida, e que a inatividade leva à flacidez muscular, resultando em problemas físicos e mentais. É crucial manter o corpo em movimento e o cérebro ativo. Aqueles que praticavam atividades físicas e mentais estavam em um nível muito superior”, relata a aposentada, que se exercita duas vezes por semana e faz exercícios para as pernas todos os dias.

A visão de Helia é confirmada pela gerontóloga Talita Cezareti. “A saúde mental pode ser afetada por sintomas de ansiedade e depressão, além de impactar a saúde cognitiva e a qualidade do sono.”

Diogo Duarte, personal trainer que atende vários clientes da terceira idade, vê na avó Elisabeth, de 87 anos, um exemplo do impacto positivo das atividades físicas.

“Ela tem próteses nos dois joelhos devido ao desgaste das cartilagens, e a necessidade de fortalecer a musculatura das pernas a motivou a se inscrever em uma academia. Inicialmente, era uma obrigação, mas acabou se apaixonando pelos exercícios, o que ajudou a lidar com a necessidade de uma nova prótese”, diz Diogo.

Convívio com os Netos

As dificuldades e superações da avó de Diogo tornaram ainda mais especiais os momentos dela com a bisneta Gabriela, de 8 anos. “É maravilhoso vê-la tão saudável e ativa, brincando com minha filha e convivendo intensamente com os bisnetos e netos”, afirma.

“A atividade física proporcionou a ela uma juventude mais prolongada. Às vezes, temos que contê-la devido ao seu entusiasmo. Sua vontade de aproveitar cada momento é cada vez maior”, acrescenta Diogo.

Ele descreve a avó como hiperativa e autossuficiente, que adora viajar sozinha e levar amigas para passeios. “Muitas delas, apesar de mais jovens, estão em condições mais debilitadas por não praticarem atividades físicas. Ficamos preocupados e tentamos limitar suas atividades, mas sua vontade de explorar o mundo só aumentou desde que ela incorporou o exercício físico em sua rotina.”

Sair da Inércia

Com base na experiência com idosos, Helia Ribeiro afirma que o primeiro passo para melhorar a qualidade de vida na terceira idade é vencer a inércia.

“É essencial sair da acomodação, pois a inatividade só agrava a situação. A família e os amigos podem desempenhar um papel importante como fonte de estímulo”, sugere.

Ela destaca que muitas cidades oferecem atividades para idosos, algumas gratuitas em praças públicas. “Começar pela musculação pode ser uma boa ideia, pois além de preparar o corpo para outras atividades, facilita a interação social. A solidão é prejudicial e traz tristeza, então é importante ter acompanhamento profissional.”

Acompanhamento Profissional

O personal trainer Diogo Duarte recomenda que todas as atividades para idosos evitem esforços excessivos, respeitando as limitações naturais da idade. Talita Cezareti reforça que a OMS e o Ministério da Saúde recomendam exercícios aeróbicos de intensidade moderada, como caminhadas, natação ou dança, por pelo menos 150 minutos por semana (ou 75 minutos se a intensidade for vigorosa).

Além disso, é fundamental incluir exercícios de fortalecimento muscular e equilíbrio em dois ou mais dias da semana para preservar a massa muscular, prevenir quedas e manter a funcionalidade.

“Treinamentos de equilíbrio, fortalecimento muscular e atividades aeróbicas são mais eficazes quando realizados de 3 a 5 vezes por semana, por 30 a 45 minutos por sessão, ao longo de 3 a 5 meses”, detalha a gerontóloga.

Ela ressalta a importância de escolher atividades que agradem aos idosos, possibilitando a prática com pessoas com quem tenham afinidade. “A constância é crucial, e escolher atividades que tragam prazer faz toda a diferença.”

A dança pode ser uma excelente opção, segundo Helia Ribeiro, pois estimula tanto o corpo quanto o intelecto.

“Eu gosto de dançar. Fiz dança de salão por um bom tempo, mas parei porque meu marido não gosta. É uma atividade agradável que deixa o corpo mais leve e melhora a cognição, além de ampliar a vida social com trocas espontâneas e naturais.”


Fonte: Agência Brasil