O relatório destaca um aumento nos investimentos em segurança pública no Brasil; em 2023, o país destinou R$ 137,9 bilhões para a área, um aumento de 4,9% em relação ao ano anterior.



Da redação da Rede Hoje

Em 2023, o Brasil registrou uma redução nas mortes violentas em comparação ao ano anterior, de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública divulgado nesta quinta-feira (18). Houve uma queda de 3,4% no número de mortes violentas intencionais, totalizando 46.328 casos em todo o país, o que representa uma taxa de 22,8 mortes por 100 mil habitantes.

Apesar da diminuição, o Brasil continua sendo um dos países mais violentos do mundo, com taxas de homicídio quatro vezes maiores que a média global de 5,8 mortes por 100 mil habitantes, segundo dados das Nações Unidas.

Contexto da Redução
David Marques, coordenador de projetos do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, comentou sobre a importância dessa redução: “É um feito importante para um país do tamanho do Brasil ter uma redução de 3,4%, que, na verdade, se soma a uma tendência de redução que a gente vem acompanhando desde 2018”. Contudo, ele alertou que o número de 46.328 mortes ainda é alarmante, destacando que, embora o Brasil possua aproximadamente 3% da população mundial, ele é responsável por 10% dos homicídios registrados no mundo.

O levantamento revelou que as regiões Norte e Nordeste são as mais violentas do país. Estados dessas regiões enfrentam disputas acirradas entre facções criminosas por territórios e rotas, além de registrarem altas taxas de letalidade policial. O Amapá lidera com a maior taxa de mortes violentas intencionais (MVI) por 100 mil habitantes, com 69,9, seguido pela Bahia (46,5) e Pernambuco (40,2). Em contraste, São Paulo (7,8), Santa Catarina (8,9) e o Distrito Federal (11,1) apresentaram as menores taxas.

Cidades Mais Violentas


O município de Santana, no Amapá, foi apontado como a cidade mais violenta do Brasil, com uma taxa de 92,9 mortes violentas intencionais por 100 mil habitantes, mais de quatro vezes a média nacional. Outras cidades que aparecem no ranking são Camaçari (BA), com 90,6, e Jequié (BA), com 84,4. Seis das dez cidades mais violentas estão localizadas na Bahia, refletindo a gravidade da violência no estado.

Investimentos 
O relatório também destacou um aumento nos investimentos em segurança pública no Brasil. Em 2023, o país destinou R$ 137,9 bilhões para a área, um aumento de 4,9% em relação ao ano anterior. O crescimento mais significativo ocorreu nos municípios, com um aumento de 13,2% nas despesas, impulsionado por investimentos nas Guardas Civis Municipais e nas "operações delegadas", onde policiais prestam serviços às municipalidades durante suas folgas.

Desafios e Perspectivas
Enquanto o Fundo Penitenciário Nacional (FUNPEN) registrou uma queda de 48,6% nas despesas entre 2017 e 2023, o Fundo Nacional de Segurança Pública teve um aumento significativo de 140,8% no mesmo período, graças ao reforço de arrecadação das loterias. Esses recursos são fundamentais para apoiar projetos de prevenção à violência e de melhoria na segurança pública.

O Anuário Brasileiro de Segurança Pública, elaborado com base em dados de governos estaduais, do Tesouro Nacional e das polícias civil, militar e federal, entre outras fontes, ressalta a complexidade do cenário da segurança no Brasil. Apesar dos avanços, o país ainda enfrenta desafios significativos para reduzir a violência e garantir a segurança da sua população.


Fonte: Agência Brasil