Editorial | Rede Hoje 

Nos últimos tempos, a Rua Leoncio Batista da Cunha, em Patrocínio, MG, tornou-se um centro de manobras para as autoescolas locais, transformando-se em um verdadeiro campo de treinamento para novos motoristas. Essa mudança, que ocupa metade do espaço do quarteirão adjacente ao Estádio Júlio Aguiar, tem gerado sérias dificuldades para os motoristas e pedestres que usam a via diariamente. A situação se agrava com o uso das vias adjacentes para o mesmo fim, prejudicando ainda mais o fluxo de trânsito na região.

A Rua Leoncio Batista da Cunha é uma importante via de acesso para a Avenida Faria Pereira, uma das principais artérias da cidade. Com o início das obras na Avenida José André Coimbra (avenida do Catiguá Tênis Clube), essa rua tornou-se ainda mais vital para quem precisa se deslocar em direção ao centro da cidade. A falta de planejamento e a conivência da Secretaria Municipal de Trânsito (Sestran) em permitir o uso dessa via para atividades de autoescolas é preocupante.

É evidente que quem autorizou essa mudança não considerou o impacto no movimento diário da rua. As autoescolas desempenham um papel fundamental na formação de novos motoristas, mas isso não pode ser feito às custas do bem-estar e da segurança dos cidadãos. O uso inadequado de uma via pública para treinamento de motoristas compromete a fluidez do tráfego, aumenta o risco de acidentes e dificulta a vida dos moradores e trabalhadores da região.

Um dos maiores prejudicados são os frequentadores da Biblioteca Pública Municipal, que enfrentam enormes dificuldades para encontrar estacionamento. A necessidade de fazer "ginástica" para estacionar é um reflexo da falta de planejamento e de consideração para com os usuários habituais da área.

Além disso, essa situação não é justa para os motoristas que precisam passar por essa via. A Rua Leoncio Batista da Cunha não foi projetada para servir como pátio de manobras. A presença constante de veículos em treinamento cria um ambiente caótico e inseguro, especialmente durante os horários de pico.

A solução para esse problema passa por um planejamento urbano mais rigoroso e uma melhor gestão do uso das vias públicas. A Sestran deve reavaliar a autorização concedida às autoescolas e buscar alternativas que não prejudiquem o tráfego e a segurança dos cidadãos. Uma opção seria destinar áreas específicas e apropriadas para o treinamento de novos motoristas, longe das vias de alto fluxo e dos centros urbanos movimentados, como o Espaço Cultural, que é amplo e tranquilo, inclusive para os treinamentos dos candidatos à motoristas.

É imperativo que a administração pública de Patrocínio tome medidas imediatas para corrigir essa situação. A rua deve ser devolvida aos seus usuários originais, garantindo um trânsito mais seguro e fluido. As autoescolas, por sua vez, devem colaborar na busca por locais mais adequados para suas atividades, respeitando o direito de ir e vir dos cidadãos.

O desenvolvimento urbano e a formação de novos motoristas podem e devem coexistir, mas isso só será possível com planejamento, diálogo e uma gestão pública comprometida com o bem-estar de toda a comunidade.